terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sobre Envelhecer…

ouro fino 163

Sempre olhei para a velhice com os olhos de uma criança: é a época da vida na qual os avós estão “de férias”. A avó gosta de assar biscoitos de polvilho e fazer sorvete de beterraba, cozinhar uma macarronada com muito molho e comprar queijo de minas para comer com goiabada. O avô sempre promovendo partidas de dominó, bingo e damas, valendo como prêmio deliciosos chocolates, pirulitos, balas, chicletes e outras guloseimas. Em toda parte tinha algum gibi da Turma da Mônica. A casa está sempre limpa, as roupas de cama engomadas, a mesa posta com comidas suculentas e as flores sempre regadas, exalando um perfume adocicado pelo quintal.

Ser velhinho é andar de vagar, meio curvado. É usar dentadura, tirá-la para dormir e esquecê-la dentro de um copo d’água no criado-mudo. É ter aquela pelanquinha fina debaixo dos braços, tão gostosa de apertar. É usar pijama e pantufas o dia inteiro. É guardar fotografias cor sépia, disco de vinil e moedas antigas. Ter como parte da decoração lembrancinhas de todas as suas bodas.

Avós sempre contam boas histórias. O avô, quando jovem, ia para a pescaria e voltava com peixes enormes, mas tão grandes que para carregá-los era necessário vários homens. Ele era demais, as feras do mar nunca o venciam. A avó conquistava todos por onde passava. Contava que os homens da cidade eram apaixonados por ela, e que o número de pedidos de casamento que recusara podia ser apenas comparado com a quantidade de lágrimas que derrubou durante toda a sua vida.

Férias de Julho é mais gostoso na casa dos avós: encontrar os primos que não via há tempos, brincar no parquinho da praça, ir na matinê com fantasia de Rambo, assistir aos Jogos de Inverno, pular Carnaval na rua seguindo os blocos, ganhar boné do Timão e assistir ao jogo comendo pipoca, doce de leite com queijo de palito até cansar. Preparar apresentações musicais nos eventos familiares, cantar “As Quatro Estações” de Sandy e Júnior, montar um grupo cover das Spice Girls e ser a Victoria, com direito a dancinha e autógrafos.

Descrevi a MINHA ideia, quando criança, da velhice em Ouro Fino-MG, onde moram meus avós: Lourdes e Geraldo. Criança na sua inocência, sempre acha que os seus avós são imortais. Quem nunca fez com que eles prometessem que não iriam morrer? Que assim como os nossos pais, nunca deveriam nos deixar? Todo mundo tem medo de perder aqueles que mais ama.

Mineira de sangue e não de estadia, percebo que os poucos dias em que fiquei na minha terrinha foram suficientes para criar raízes, estas que permanecem bem fixas até hoje. Percebo agora, o quanto tudo isso faz parte de mim, o quanto sinto por não ser mais criança, por ter agora que encarar a vida como ela realmente é: imprevisível.

Tenho constantemente vontade de pegar meus avós, colocá-los em um potinho e guardá-los comigo para sempre, sempre e sempre. Na verdade, eu faria uma coleção de potinhos, colocaria neles todas as pessoas que amo, por que só a ideia de não tê-los comigo me dói. Queria ter feito isso com a minha vó Amélia, com o meu primo Wandrey, com tanta gente especial que passou pela minha vida, deixou marcas e foi embora quando eu menos esperava. Mas eu seria muito egoísta se fizesse isso. Devemos deixar livre as pessoas que amamos, por que se tudo for verdadeiro, não importa o que aconteça elas estarão sempre conosco.

Nesse feriado de 7 de Setembro irei para minas, cessar a saudade imensa, de quase dois meses, que estou dos meus avós. Será muito importante, pois mais do que nunca eles precisam de muito amor e carinho, afinal não é qualquer um que chega aos 80 e poucos como eles chegaram.

No fim das contas, palavras nunca são suficientes para mostrar o verdadeiro valor das coisas, elas fazem com que apenas uma ideia represente tudo o que sentimos e pensamos. Mesmo assim, escrevo mais algumas linhas dizendo o quanto amo meus avós, o quanto são importantes para mim, o quanto me dói não tê-los sempre por perto, não tê-los eternamente.

Eu sei que uma hora ou outra tudo finda, é inevitável. Mas desejo do fundo do meu coração que no momento, ocorra tudo da forma mais doce e suave possível.

#Ao som de Mozart, Ravel, Tchaikovsky, Pachelbel, Schubert e Beethoven.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

I Need Some Fine Wine And You…

…You Need To Be Nicer.

Essa segunda quinzena de Agosto tem sido muito maluca singular. A TPM intensificou meus problemas e aflorou bons e maus assassinos sentimentos. Logo na quinta-feira comecei a me sentir mal, o primeiro indício de que algo estava errado foi sinalizado pela dor de cabeça, que ultimamente tem me dado bom dia, boa tarde e boa noite. Companheira para todas as horas. casamento. Neste momento já foi agregado aos sintomas: tosse, espirro, dor no corpo, cansaço…

Coisas estranhas incomuns também aconteceram: é incrível como as pessoas são extremistas e sensacionalistas, sempre uma tempestade em um copo d’água, certo? Esse parece ser o lema que rege o universo, criada pelo meu tão odiado amado Deus Murphy. Mas tudo há de se estabilizar, não dá para parar a vida sempre que alguma coisa não sai como eu quero planejado/desejado.

Enfim, agora com as aulas de inglês, dos livros de vestibular e de Sociologia, Filosofia e História da arte no cursinho, o fim de semana parece um dia tenso comum. Meu sábado virou uma segunda-feira. Domingo passado tive simulado e ontem trabalhei 10h. Cheguei em um ponto que é inútil desejar uma sexta feira por que não tem catchaça saída, um sábado por que não tem ninguém amigas em casa, um domingo por que não tem internet soneca até depois do almoço.

Sinto uma falta imensa de ler um montão de livros, de acompanhar vários seriados, baixar inúmeros filmes por torrent e ficar assistindo até tarde da noite. De ir na Feira Hippie de domingo comer dois pastéis com suco e docinhos pastel, de ir tentar jogar bola no Taquaral, de ir ao cinema, ao Delta Blues Bar…Como faz falta! Mas sei que é para um bem maior…Passar na faculdade. Falando em faculdade, as inscrições para os vestibulares já estão começando, amanhã mesmo farei a da Unicamp.

(Bom, a Tô entrou na net agora e vou fofocar conversar com ela ;D)

Lema do momento: “no pain, no gain”.

 

Ao som de #The Cardigans, The Corrs e The Cranberries (I love so much!!!)

domingo, 15 de agosto de 2010

A Menina dos Olhos Brilhantes

Havia um tempo em que os sentimentos transbordavam –de tristeza ou alegria- rendendo boas histórias. A menina dos olhos brilhantes deleitava-se com a infinidade de emoções que enchiam o seu peito e sua mente, preenchendo as linhas de um caderno velho de anotações. Mas esse tempo ficou no passado. Agora o que ocupava sua mente e seus dias era a responsabilidade, que não a deixava em paz nem por um segundo. As vezes, acordava para mais uma vez cumprir suas obrigações, olhava-se no espelho e encarava uma pessoa desconhecida. Quem habita o outro lado do espelho? Essa não sou eu…

Nós mudamos constantemente e, mesmo não percebendo isso quando fazemos uma auto-análise, as pessoas que estão olhando de fora reparam. Somos cegos para os nossos erros e defeitos, mas temos olhos de águia quando se trata de observar os outros.  Temos medo de mudanças por que geralmente, elas representam a necessidade de transformarmos as coisas ao nosso redor e a nós mesmos, e no fundo sempre nos sentimos um pouco apegados ao passado, ao corpo, ao material, e precisamos buscar meios para nos auto-superarmos. Mexer com alguma coisa que está quieta é sair do comodismo, e por isso “sacudir a poeira” incomoda tanto.

A menina dos olhos brilhantes hoje é apenas a menina dos olhos. Atentos, desconfiados, esperançosos…Apenas duas esferas observadoras e nostálgicas, que esperam ansiosamente que um dia, um novo brilho apareça, quem sabe até mais cintilante.

 

#Ao som de Pearl Jam e Muse

domingo, 8 de agosto de 2010

Metamorfose Ambulante

 

barbie-gorda

 

O imediatismo nunca esteve tão presente em nossas vidas como nos dias de hoje. A necessidade de acompanharmos as milhares de informações lançadas a cada segundo é imensa. A tecnologia tornou-se descartável, tendo um curtíssimo “prazo de validade”. Os valores foram modificados com base nas novas e supérfluas relações interpessoais. O comportamento humano já é outro. A mente humana já é outra. Já!

Na história da humanidade, sempre houve modificações, mas no geral elas aconteciam em um longo período. Estamos no século XXI, e inúmeras transformações continuam acontecendo, porém a curto prazo. O tempo não muda: Temos as mesmas 24 horas, os mesmos 365 dias, só que acrescentamos um maior número de atividades à nossa rotina. Tratamos com prioridade aquelas coisas que são opção; os valores foram distorcidos e hoje um “eu preciso” é aplicado a um batom novo, mas não a um prato de comida. Coisificação.

Os relacionamentos também passaram por modificações, estão tornando-se cada vez mais superficiais. Um “eu te amo” não é algo dito com o intuito sentimental, e sim como uma forma de extravasar efusivamente a futilidade.

Toda essa “metamorfose ambulante” inserida nesta “mundo instantâneo”, do mesmo modo que pode trazer coisas boas para a sociedade, pode trazer certos malefícios. Um deles é que o ser humano está “perdendo” a capacidade de pensar. Ora porque recorre a meios práticos para resolver os seus problemas, acentuando assim o comodismo, ora porque há uma falha na educação dos jovens de hoje, deixando a desejar quando não ensina a analisar os fatos e perceber que o mundo não é descartável, que as pessoas são mais importantes que os bens materiais, que a tecnologia e praticidade são excelentes, desde que utilizados com cautela e moderação.

Por Tamires Lemos de Assis

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Redação elaborada com base no tema:

- A Efemeridade/Transitoriedade dos fatos, dos valores, das relações e seus efeitos no ser humano.