terça-feira, 2 de dezembro de 2008




Requiem

E lá estava ela.
Mais uma vez envolvida por pensamentos culposos. Ressentimento. Dor. Mágoa...
Presa no passado. Acorrentada.
As correntes são fortes. Ela tenta em vão fugir. Abandonar algo que parece mais ser o seu destino. Fatal.
Não...metade dela sabe, conhece a verdade. Mas é menos doloroso assim. Fantasiando. Fingindo-se que é a vítima. Inocência.
Enquanto os vermes a comem por dentro e o cheiro de podridão começa a tomar conta do aposento, o sangue vai fluindo...
...para não se sabe onde.
A música vai cortando tudo o que ve pela frente: esperanças, amores, alegrias, conquistas, desesperos, angustias...deixando-a apenas com a solidão. A solidão e aquele buraco no peito. Oco.
Queijo Suíço. Em pedaços...
Porque?
Mozart sabia...ela podia sentir o que ele sentia. Uma ponte. Uma conexão.
E de repente, o mundo pareceu pequeno demais. Minúsculo para os dois. As duas almas que sofriam e clamavam desesperadamente por alguem. Alguem que fizesse toda aquela tristeza ir embora.
Depois de um tempo, ela já não sentia nada. Imunidade. As notas ricocheteavam em seus ouvidos e ela apenas as assimilava. Nada de dor. Nada de nada.
Uma onda de súplica invadiu-lhe o peito, e foi se expandindo...
O que eu fiz?
Agora tudo estava ficando mais doce...mas não menos venenoso. As notas suaves feriam novamente, a raiva estava entrando em ação, a intolerância, a depressão, o desespero....não!
Nãããããããoooo!
Querendo acabar logo com isso, sem pensar duas vezes, resolve apelar para a sua ultima chance, sua ultima esperança...
Amém!