terça-feira, 27 de setembro de 2011

Reciclagem Interior

   Quero cavar fundo, cavar, cavar...Quem sabe ir parar na China! Quem sabe...Pelo menos lá ninguém me encontra. Ou será que encontra? Será que isso resolveria os meus problemas? Será que os chineses, as vezes, também não têm vontade de cavar fundo, cavar, cavar...Até parar aqui no Brasil?

   Ultimamente tenho vivido muito intensamente. Sim, se eu pudesse descrever minha vida em apenas uma palavra, escolheria esta: intensa. Digo isto, por que de certa forma eu já era meio "oito ou oitenta", agora me parece(e a todos ao meu redor, tenho certeza), que está bem mais evidente tal traço da minha personalidade. São fases da lua? Mas que lua é esta que muda de 5 em 5 minutos? Que lua é esta, que ilumina em dado momento e depois enegrece tudo ao meu redor? Mas que lua (que raio de lua!), que lua tem tudo em suas mãos num dia, e noutro nada? Que joga tudo para o ar sem pensar duas vezes? E quando pensa duas vezes, muda de ideia e tenta resgatar o que foi lançado ao léu? Esta é uma lua inconstante, uma lua que sofre e sofrerá muito se continuar a ser assim...E o que fazer? Há solução para essa lua-meia-lua?
   Sinto-me cega. Vendada. Mas quem vendou-me? Será que fui eu mesma? Será que foi o destino? Isto é consciente ou inconsciente? Tantas perguntas...nenhuma resposta. Não reclamo da minha vida intensa por total, pois sei que os momentos bons que ela me proporciona são vários, e tento aproveitar ao máximo (mesmo as vezes não tendo sucesso), mas há coisas que podem (deveriam, é claro!) ser mudadas. E como mudar? E como sair desta maldita zona de conforto? Como revolucionar o meu eu? Esta mesma intensidade com a qual vivo diariamente me mata. Mata-me aos poucos nessa vida sacana, que me põe em prova, me coloca em situações difíceis que fazem com que eu repense nos meus atos. Reflexão. Intensidade, as vezes, puxa a impulsividade. Me deixa radical, e não no sentido descolado da coisa, mas no sentido "quero resolver tudo agora, cortar o mal pela raiz...". Soluções drásticas que são tomadas impulsivamente, sem pensar nas consequências...Por que as veias bulem tanto, o coração palpita tanto, os poros dilatam tanto, que parece que vou explodir. Seja de raiva, de amor, de saudade, de tristeza...De compaixão.
   E não precisam ser situações grandiosas para fazer eu me sentir assim. As vezes, coisas bobas, e até consideradas irrelevantes, me tiram do sério. São coisas que me fazer ter vontade de desistir de trancar uma matéria, de desistir da faculdade, de sair de casa, de brigar com todo mundo, de ir embora para sempre. Mudar de nome, virar hippie, ir para o Xingú e virar índio. Mas quem disse que é facil mudar de nome? Ser hippie ou índio? Doce ilusão. Quero ver eu conseguir sobreviver em meio aos indígenas, aprender tupi-guarani, ficar em reclusão, fazer cerâmica, fiar paina e produzir colares, penachos, pulseiras, arco-e-flecha. Os índios também têm os seus problemas, suas terras sendo reduzidas ao nada, suas crianças e jovens se parecendo (e querendo!) cada vez mais com o homem branco, seus rios sendo poluidos, seu patrimonio sendo transformado em palco, em comércio, em usinas hidrelétricas. Não...ser índio não resolveria o meu problema, pois cada sociedade, logo cada indivíduo, têm seus proprios problemas.
   Parece mesquinho escrever sobre meu estado de espirito, sobre meus problemas...Isso soa meio banal, quando comparado a inúmeros problemas infinitamente mais graves como o meu, pois estou me queixando da minha chatice, do quão insuportável estou, mas tem gente se queixando de uma descoberta fatal: câncer. Ou não. As vezes uma pessoa que está com câncer aproveita mais a vida do que eu, mesmo ao receber esta notícia. O que nos torna tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo? Por que agimos de formas distintas? Por que temos leituras particulares do mundo no qual vivemos? Mudando (ou nem tanto) de pêra para maçã, esta é uma questão interessante. Até que ponto o meio influencia em nossos atos? Alias, até que ponto jogamos a culpa no meio, culpa esta que poderia ser exclusivamente nossa?
  Me considero ignorante em vários aspectos. As vezes quero mudar o mundo, as vezes quero apenas deitar em minha cama e dormir tranquilamente, esquecendo que este mesmo mundo existe. Egoísta. Critico, levanto argumentos e hipóteses, teoriso...Mas não soluciono. Ah, mas não é fácil solucionar as coisas. As vezes, tento esconder para debaixo do tapete os meus problemas, noutros momentos, tento camuflá-los, transformando-os em novos móveis, e em alguns casos (que ultimamente têm sido frequente) tento dá-los para alguém (e não me orgulho disso), como uma mobilia que não uso mais, ou até ateio fogo, reduzindo tudo a pó (na metáfora, apenas nela, sendo ecologicamente incorreta). O certo seria reciclar estes meus problemas. As vezes penso nisso...Transformar aqueles que não quero mais, que só me atrapalham, em algo útil para mim ou até para outra pessoa. Mas ainda é tudo novo, preciso me adaptar.

  Poderia ser fácil, jogar a culpa no remédio, na sociedade, na TPM, mas sei bem que vai além disso. Assumo minha fase, como a lua, intensa...Mas será que mereço, realmente, tudo isso??

quinta-feira, 15 de setembro de 2011







‎"...Could you tell
I was left lost and lonely
Could you tell
Things ain't worked out my way..."

"...Give it up
I can't give it up..."