segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Amicus: Amore.

"Amizade (do latim amicus; amigo, que possivelmente se derivou de amore; amar, ainda que se diga também que a palavra provém do grego) é uma relação afetiva, a princípio, sem características romântico-sexuais, entre duas pessoas. Em sentido amplo, é um relacionamento humano que envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo."

Wikipedia: Amizade



E é pensando na relação entre "amicus" e "amore" que resolvi escrever um pouco, principalmente sobre o que tem ultimamente acontecido comigo. É de conhecimento geral que "amigos verdadeiros são poucos, pode-se contar nos dedos", mas vejo por aí muitas pessoas usando isso como provocação, como um ataque no sentido de: "você não é meu amigo verdadeiro, não me deu presente de aniversário", "você não lembrou que hoje fez "x" anos que nos conhecemos", "você me liga mais, não manda mensagem"...Engraçado, muito engraçado. Que eu saiba uma amizade é uma coisa recíproca, não adianta um só se esforçar, ligar, e mimimi se o outro não se importa. E digo mais: por que o outro não se importaria? Ou ele realmente não é seu amigo e não está nem aí, ou muitas coisas mudaram, está acontecendo algo novo na vida dele e etc...Não custa nada avaliar, custa? Muito mais fácil do que sair com mil pedras na mão. Ser amigo não é se exaurir, é fazer parte da vida do outro sim, mas não se esgotar por algo sem causa, ou por alguém que não te conhece o suficiente para saber que você está dando o seu melhor, mas que também tem a sua vida para cuidar.

Confesso que nos últimos anos(3, para ser mais exata), minhas prioridades mudaram, EU mudei, e acredito que para melhor. Conforme vamos tendo mais experiêcias, conforme vamos passando pelas diversas fases da vida, vamos mudando a nós mesmos, aos outros e ao mundo; nesse processo, as nossas relações são afetadas. Foram anos de decisões, de perdas familiares, de recuperação de alguns acontecidos e de escolhas muito difíceis, mas também foram anos de alegrias, de conhecer outras pessoas, de me aprofundar em certas coisas e de enxergar quem realmente sou. Não me arrependo de muita coisa, dizer que não me arrependo de NADA é pura mentira, pois sempre nos arrependemos de algo, que fizemos ou deixamos de fazer; mas deveria ter sido mais consistente em minhas decisões, mais clara quanto meus sentimentos e objetivos, não devia ter deixado margens para desconfiança, mágoa, ressentimento e brigas bobas. Mas as deixei.

Foram raras as situações em que vieram me perguntar o que estava acontecendo, se estava tudo bem ou se eu precisava de algo. Considerei os que não se manifestaram como péssimos amigos? Achei ruim quem não me deu parabéns no meu aniversário? NÃO! Por que seria mesquinha demais se me importasse com essas coisas banais, por que amigo que é amigo erra, peca, omite e até mente, por que ele é humano e não e perfeito, mas no fim ele se desculpa, ele reconhece o erro, fica tudo bem e acaba em risadas, mesmo ambos sabendo que esse não pode ser o real fim dos desentendimentos, pois amigos se estranham sim, só que uns mais, outros menos. Seria ridículo da minha parte também só criticar o outro: quantas vezes deixei de lado coisas realmente importavam, não só para mim quanto para o meu amigo? Quantas vezes quis encontrá-lo, mas por algum motivo não foi possível? Quantas vezes pensei em ligar, em mandar uma mensagem, mas meu orgulho, ressentimento ou até mesmo medo, me impediram disso? Eu mesma respondo: MUITAS!

Tenho relações de amizade nas quais há alguma lacuna, um desentendimento que não foi resolvido e cada um foi para um lado, que foi deixado para trás por decisão de ambos, que foi resolvido superficialmente e deixou sequelas, que foi deixado para depois e, até hoje, ambos fingem que nada aconteceu. Por que, por mais que TODOS em algum momento digam: "se tiver algo errado, eu vou te falar!", isso NÃO acontece! Todos temos medo, algum receio, nos perdemos nas palavras, razão e sentimento, e as vezes não sabemos nos expressar, não contamos o que realmente queremos, ou omitimos por que não sabemos quais serão as consequencias de tal ato. Em determinado momento, as coisas podem ficar difíceis, podem nos tirar do sério, mas se gostamos da pessoa, ainda nos importamos, ainda ficamos preocupados se ela está indo bem nas provas, se está lidando bem com os seus problemas pessoais, como está sua saúde e o que tem feito aos finais de semana. Pensamos CONSTANTEMENTE nessa pessoa, as vezes nos comunicamos com ela, mesmo que timidamente, mesmo que sem assunto, só para dizer um "ei, estou aqui, viu?", as vezes ficamos só na vontade, no choro, no pensamento. As vezes, essa pessoa nem sabe disso, não se importa, não se incomoda, ou sabe mas está na mesma que a gente: o que está acontecendo? o que sinto? o que faço? como falo?

Tenho só uma saída para quem quer fazer a sua parte: independente do que aconteça, ou de quem seja a tão temida culpa, tente. Ligue, mande mensagem, encontre, faça algo. Sei que as vezes 24h é pouco para tudo que queremos, mas pelo menos uma vez, invista (e não "perca")alguns minutos do seu dia para falar o que precisa, tirar de dentro de si mesmo tudo o que o sufoca há horas, dias, meses ou anos.

E não, esse texto não é específico para ninguém, é um conjunto de acontecimentos, momentos e sentimentos que foram se acumulando com o passar do tempo, no qual MUITAS pessoas fazem parte. Então se sentir que é para você, é por que é TAMBÉM, e não exclusivamente, não é um ataque ou nada do gênero: apenas uma limpeza de chaminé.

Desculpas a todos que magoei nos últimos anos.
(e perdoem os erros de cunho gramatical, estou escrevendo às pressas e minha média de gramática não é muito boa)