quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dia de Chuva

 

Chuva 048

Foto: Tamires Lemos de Assis

 

Campinas, 28 de Dezembro de 2009

Às 11h15 p.m – Segunda Feira

E mais uma vez, a chuva acabou com o seu plano de caminhar às 6h30 da manhã. Colocou as pantufas, foi até a cozinha e bebeu um copo d’água. "Gosto de barro, uma delícia. Filtro novo sempre deixa esse “toque especial”". Cogitou a possibilidade de passar um café, mas a combinação chuva+frio a deixou incrivelmente preguiçosa, então decidiu voltar para debaixo das cobertas e dormir mais um pouco.

Acordou quinze minutos depois com gotas d'água caindo em seu rosto: Esquecera a janela superior aberta. Voltou ao aconchego de sua cama. Vinte minutos depois, acordou ensopada, a sensação úmida foi atribuída rapidamente à mesma janela: Será que abriu com o vento? Será que não fechei direito? Mas obteve a resposta assim que olhou para cima: Goteiras. Praguejou baixinho: Porcaria!

Colocou as pantufas, voltou a cozinha e pegou uma panela, deixou-a sobre a cama e decidiu dormir no sofá. Como o edredom estava molhado, foi até o guarda-roupas e providenciou outro, não era o seu preferido, mas melhor com ele do que sem nenhum. Ainda com os olhos semi cerrados pela irritação matutina aos raios solares, rumou para a sala.

Ia esperançosamente deitar-se no sofá, quando ouve um grunhido: "Será o meu estômago? Devia ter tomado café e comido algo…Não, é Keira!" Sua cachorra estava dormindo sobre a colcha que ganhara no Natal passado. “Já pra fora!!”. Mas a cadela preguiçosa não se moveu, apenas piscou e babou um pouco, em si própria e na colcha marrom. “Ótimo”, pensou ela. “Perdi minha cama primeiro e agora o sofá…E pra uma cachorra!”.

Decidiu passar pelo quarto para ver se a panela já estava cheia d’água. No começo, quando percebeu que a mesma estava quase transbordando e que teria que esvazia-la, ela sentiu uma pontada de irritação, mas depois foi dominada por gargalhadas: Começara o dia com o pé esquerdo, a situação era ridícula! Não poderia ficar pior!

Porém…Todos sabem o que acontece quando a frase “Não poderia ficar pior” é proferida. As coisas, como se não estivessem ruim o suficiente, não só continuam acontecendo como ocorrem com maior freqüência e intensidade.

Keira começou a latir, tirando-a de seus pensamentos murphianos. “Pronto, o que será que essa cachorra louca quer agora? Ainda não está satisfeita?”. Keira latia em cima do sofá, pulando pra lá e pra cá, inquieta. A cachorra estava molhada…NÃO! Depois de dez minutos, havia cinco panelas na sala: Três no sofá, uma perto da TV e outra na porta de entrada.

Se existia uma coisa que ela detestava mais do que não conseguir dormir, era goteiras.

 

Por Tamires Lemos de Assis