Doces Ilusões…
Parte II – Lavanda
Rebeca sentiu suas veias bulirem, as artérias expandindo-se para suportar a demanda de sangue que corria freneticamente por todo seu corpo.
O frenesi logo se dissipou e foi substituído pelo desfalecimento: Suas pernas bambearam e sua vista começou a escurecer. Em vão, tentou agarrar-se à porta para não cair, mas seus pensamentos concentravam-se apenas na única coisa que realmente importava naquele instante: Até quando suportarei?
As pálpebras selaram-se e ela desmaiou.
Acordou deitada em meio a flores, o vento acariciava sua face trazendo consigo um agradável cheiro de lavanda, sua irmã gêmea Katherine ao longe colhia framboesas e colocava-as numa cesta enfeitada com margaridas. Isabel também estava lá, loura e magricela, correndo por entre as flores e esvoaçando seu vestido azul de cetim, bailando na imensidão lilás.
Providas de lábios largos, cabelos negros anelados e belíssimos olhos castanhos, as gêmeas sempre chamavam atenção mesmo com seus dezessete anos de idade. Rebeca e Katherine facilmente podiam ser confundidas, a única diferença fisicamente aparente entre as duas, era a marca de nascença que Rebeca trazia em sua coxa esquerda.
O sol quase ofuscava seus olhos, quando Rebeca ouve Isabel chamando-a de algum lugar distante do campo. Katherine também ouve o chamado e juntas, decidem procurar pela amiga. Caminhando sem saber onde encontrá-la, as gêmeas começam a ficar preocupadas, pois Isabel não respondia aos seus chamados. Foi Katherine quem a viu parada na entrada da gruta. Aproximaram-se às pressas da amiga gritando por ela, mas Isabel não movia nenhum músculo sequer. Ao tocá-la, Rebeca saltou para trás. A expressão na face da garota era terrível, um misto de desespero e agonia.
Foi nesse dia, 27 de Janeiro, que elas encontraram o primeiro corpo. Anos depois, Rebeca ainda lembraria daquela cena do crime, e atordoada com as lembranças, despertou engasgada com um forte cheio de lavanda.
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Continua…